Ela nasceu, digamos assim, como uma revolução. Porque embora
tenha sido planejada, gestou-se de um caos para formar-se em
maravilha. Mas é revolucionária que nasce a Natureza em sua completude: toda razão e lógica explode
em fantásticas reviravoltas de emoção. Só assim transfigura-se deslumbrante em
cores, formas e sentimentos indescritivelmente belos. É nesse todo de
reviravoltas que ela é profunda e abraça o universo como a mais caridosa mãe.
Tentar entendê-la capturando um momento ou uma parte é perder sua grandeza, ou
seja, é perder sua essência: a capacidade de se refazer refazendo a todos para
si e em si. Natureza que é, ela é majestosa. Cheia de segredos. Centelha que chora
em rios, mas renasce em sol. Tormenta que se revira, mas retorna-se em raiz
maternal que protege todos os galhos e folhas das tempestades. Como revolução
que nasceu, revolução é.
A frondosa Natureza é ela toda uma mulher.Tatiana fez-se da relação
de amor entre a mata amazônica e guerrilheiros por um mundo mais justo e bonito. Como
fruto-Natureza, fez filha ao mesmo tempo em que fez-se mãe do mundo inteiro,
herdando assim a revolução de sua raiz: ser ao mesmo tempo o princípio e o
futuro, a semente e a sombra, água e luz que alimenta. Ainda bebê ela fora a nutrição
para os seus pais em amor e reconhecimento de humanidade. Ainda adolescente ela
fora a segunda mãe de suas irmãs cuidando da segurança, carinho e educação.
A
sua essência de um todo-mãe reviravolto é a própria Natureza: não se sabe com razão, mas se
faz por emoção. É por tormentas que ela segue seu fluxo de querer cuidar dos
frágeis seres humanos como se fossem seus próprios filhos. É
por tormentas que ela segue seu fluxo de não conseguir deixar de sentir na pele
o que o outro sente. Afinal, a frondosa Natureza também quer ser filha e é
nesse todo que está sua alegria e dor. E ela faz maravilhas ainda que passando
pelas angústias do parto. Majestosa e misteriosa como natureza-mata-amazônica
também é toda sol, linda, radiante e estonteante após as tempestades. Não poderia deixar de ser esse misto porque é grande como a própria Natureza, traz a dialética do rio revolto que tudo arrasta e do caos que pare uma estrela dançarina. E de um doce cativante a qualquer um que permite-se conhecê-la e simplesmente deixar-se ser por ela. Casa-se Plínio, faz João e Nina, e ainda permanece um oceano de tesouros raros.