sexta-feira, 19 de julho de 2013

Maíra: o amor que canta

O Amor andava por aí sorrindo crianças e montando melodias. Até que um dia pensou: quero me fazer em corpo de mulher. E assim foi. A bebê nasceu cheia de cabelos e pressa para falar. No terceiro dia já queria esboçar alguma coisa. Mas, pelo tamanho dos olhos, todos também perceberam: ela também tinha pressa para enxergar. De tanta intensidade desse Amor em corpo, o mundo cresceu rápido e a atingiu em cheio. Pois ela era só amor. E o mundo... tinha muito mais do que isso.

A amor-menina quis aproveitar as mais fortes emoções no ser criança: levar o balanço para o mais alto dos céus, falar pelos cotovelos, fazer rir com palhaçadas e histórias de fantasia também os adultos. E essa amor-menina, menina-amor, não parava mais de ter pressa: queria também as fortes emoções de ser logo mulher. Calçava os sapatos largos e pisava nos vestidos compridos passando o dia a ouvir músicas românticas e a chorar como quem já viveu e já se perdeu. “Mamãe, vem ouvir música que chora”, chamava a criança. 

Por algum motivo ela deu pra ouvir música sem parar. Dia, tarde e noite revezava os discos vinil de seus pais entre Beethoven, Chico, Elis, Bethânia, Gal... E a tal música que chora tocada nas rádios populares. Mal completava 6 anos e já deu de ser cantora adulta. As pessoas boquiabertas com o seu vozerão não entendiam como podia ser: era voz e letra de gente grande. Não sabiam, afinal, que era a imensidão do Amor que estava a atropelar a menina por dentro e a sair sem pedir muita licença àquele corpo de criança. Não sabiam que o que se expressava em pressa era simplesmente o Amor que vem como o mar: em ondas intensas e avassaladoras.  

É por esse mar que, mal se fez adolescente, a menina já queria uma paixão de casal e mal se fez adulta já queria uma paixão de filho. E fez logo três crianças lindas. Pedaços dela que são, também estão cheias de sentimento e de pressa.  Hoje ela já é mesmo uma mulher por inteiro. E, por saber hoje que sua pressa é mar, realiza sua natureza-princípio: passar os dias por aí a sorrir crianças e montar melodias. Passar os dias a encher de beleza esse mundo. Pois, se soube muito cedo que ele não é mesmo só Amor, teve também muito cedo a certeza de quanto o mundo precisa dela, puro Amor que ela é. 

Quem a conhece sabe que essa é a verdadeira história da Maíra, que hoje completa 33 anos. Quem a conhece faz hoje festa no coração. Maíra, nós também somos só Amor para você!


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"Hj é aniversario do meu da minha irmã querida, mãe linda, mulher forte e que eu não sei viver sem estar grudada. Uma vez ela me disse "que não sabia onde terminava ela e começava eu" e é exatamente assim. Sempre fizemos tudo na vida juntas. Querida Maíra, feliz aniversário. Só quero pra sempre te ver feliz. Te amo   Tati."




segunda-feira, 15 de julho de 2013

Ele. Simplesmente, ele.

Ele é aquele que... foi chegando sorrateiro e se instalou feito um posseiro dentro do meu coração... Que nem naquela música do Chico. A gente não tinha muito o que dizer quando se encantou. Eu, com minhas mil palavras sobre política, não conseguia expressar nada do que queria. Só mesmo num abraço longo e demorado acabei me denunciando. Não porque planejei, mas porque não tinha outro jeito. Quando a gente se sentou perto um do outro, eu já sabia. Eu, que não sou nada espiritualista ou mística, simplesmente aceitei que esse amor me chegou como certeza em forma de energia. Eu simplesmente sabia. E isso me pareceu um pouco assustador... Era ele! Era ele e pronto. E mais nada. “E desde então sou e somos... E por amor Serei... Serás...Seremos...”. Que nem naquele poema do Neruda.

Eu poderia dizer que é porque sou completamente louca pelo contraste da sua pela alva com seus fartos cabelos pretos. Ou porque a transparência do mel do seu olhar é de um doce que me preenche de paz. Ou porque seu perfume natural é o mais envolvente do mundo. Ou porque ele é de uma beleza, inteligência e gentileza que, justamente por não se saberem como tais, são da maior beleza, inteligência e gentileza que existem. Como eu não poderia me apaixonar pelo verdadeiro sábio, aquele que tanto sabe do não saber? Talvez me apaixonei porque ele é aquele que não há quem não se encante. Que tem como sagrado, religioso, o respeito à diferença do outro. Que traz o companheirismo de um modo intenso. Que traz a entrega como regra. A capacidade de se jogar por inteiro em tudo aquilo que faz. O carinho que transforma tudo aquilo que toca em algo melhor. Eu poderia ama-lo por tudo isso... E mais...

Mas não. Eu o amo antes de tudo. Eu o amo num justo SIMPLESMENTE. E esse tudo o mais... Esse tudo o mais é o que vem depois e crescendo a cada dia. É o que faz de mim inacreditavelmente mais apaixonada a cada manhã. Se é raro o amor, mais raro ainda é esse tamanho orgulho do amor que se tem. Por alguma razão o Universo achou por bem me presentear com esse amor que não cansa de crescer e de se orgulhar. Eu tenho a sorte de ser aquela que se pega perguntando como é possível acordar todos os dias num sonho. Caminhar com esse sonho de mãos dadas. Rir, passear, cair e levantar com esse sonho. Os anos passam e de repente começo a ter certeza de que é esse sonho é real, não vou acordar. É a realidade. É possível a realidade ser sonho. Ele é esse sonho possível. É possível um ser humano tão lindo se mostrar ainda mais lindo em cada pequeno detalhe. E, o melhor, sem perceber. É  possível se achar infinitamente feliz e ainda assim poder ser mais um pouquinho e mais e mais e mais... É possível se apaixonar ainda mais mesmo quando se pensa não ter mais espaço. Com ele isso é possível. É possível sempre mais entrega e companheirismo. Então, o que posso dizer? Muito pouco. Nunca as palavras darão conta dessa magnitude de beleza.

Por isso hoje, que é o dia do aniversário dele, não é o único dia que eu o envolvo com toda a força em meus braços. Hoje é apenas o dia em que eu me preencho de alegria para devolver ao Universo a alegria desse presente que ganhei. E peço para que eu possa ter ainda muitos dias tão maravilhosos ao lado dele. Porque SIMPLESMENTE é ele. É ele: meu amor, minha paixão, minha vida.




quarta-feira, 3 de julho de 2013

Plebiscito sim!

Esse texto vai como um desabafo. Ontem à noite ouvindo a “Voz do Brasil” escutei o Dep. Federal Ronaldo Caiado (DEM) falar contra o plebiscito da Reforma Política. Seu argumento: o plebiscito vai tirar o foco das manifestações contra a corrupção. Eu nunca tinha ouvido um absurdo tão grande!!! Desviar o foco?? Um plebiscito é uma campanha constante de um assunto na tv, nas ruas, nas casas, na vida das pessoas! Como um plebiscito sobre a reforma política pode desviar o foco do debate das pessoas sobre a falência das instituições políticas?

Na verdade, é justamente o contrário. Um plebiscito é lenha na fogueira das manifestações! E, mais ainda, é o momento das mobilizações avançarem para além das críticas superficiais à corrupção e se posicionarem concretamente com um projeto de sistema político para o país. Se nós manifestantes não queremos intervir para alterar o sistema que gera a corrupção, então vamos guardar nossos cartazes anti-corrupção, porque eles são infantis. Do contrário, temos que exigir esse plebiscito. O Estado político no sistema capitalista é uma instituição alienada do povo justamente pelo fato de ser “privatizado” a cada nova eleição. Vivemos um sistema eleitoral pervertido, no qual é preciso muita verba pra campanha, para pagar marketeiros, fazer material gráfico, etc etc. Toda eleição é a mesma história: é o poder econômico quem manda. É uma disputa de quem tem mais dinheiro. E quem paga as campanhas são grandes empresários (por exemplo, máfia do transporte coletivo) que depois cobram a fatura interferindo contra as ações legislativas e executivas que deveriam ser a favor do povo.
 Pra romper com isso é preciso uma reformulação do sistema. E é preciso que seja de baixo pra cima, com o voto do povo, e por um motivo muito simples: o poder político está sob os tentáculos desse poder econômico e precisa do aval do povo para romper o que é necessário romper.

É no plebiscito, e não no referendo, que o povo indica o que deve ser feito antes de se fazer a lei. No referendo o povo pode apenas rejeitar uma lei. No plebiscito o povo indica o que quer mudar e depois o Congresso tem que fazer uma legislação de acordo com o que o povo escolheu. O plebiscito é a forma de consulta popular na qual o povo tem mais poder sobre o Congresso e por isso pode obrigar esse Congresso  a uma radicalidade de Reforma Política que jamais será alcançada se for feita por esse próprio Congresso ou por via referendo.

O momento agora é de irmos para as ruas defender a Reforma Política que queremos ver aprovada NO PLEBISCITO e não de lutar para que eles decidam sozinhos quais devem ser as medidas de mudança estrutural desse sistema. Tem muita gente de esquerda aí contra o plebiscito que repete o mesmo argumento da direita: o povo não está preparado para votar certo. Mas sem a participação do povo via plebiscito essa Reforma Política vai ser enrolação! O pior é ver esse mesmo “povo” comprando esse discurso. Não seriam contraditórios os manifestantes que chamam este sistema de corrupto e que querem deixar para esse mesmo sistema o total controle da Reforma Política? Ora, se o Estado político está alienado do povo e sendo usado em nome do bem privado, ou bem o povo interfere para tomar esse Estado de volta ou ele continuará o mesmo. E a arma possível hoje para o povo tomar o Estado de volta é o povo decidir neste plebiscito quais as medidas para alterar o sistema em suas entranhas. O povo que optar por abrir mão de intervir nesse sistema está optando por deixar o sistema alterar por ele mesmo, o que não será possível. Sem o plebiscito as mudanças estruturais necessárias jamais serão aprovadas!!! Uma Reforma Política Popular vai resolver tudo como uma mágica? Não. Mas sem ela nem saímos do lugar. A população pode votar de modo péssimo no plebiscito? Sim. Mas sem ele, com certeza o processo já está perdido. Por isso precisamos de um plebiscito sim! E precisamos disputar o seu resultado nas ruas!

O argumento do desvio de foco é desonesto por dois motivos principais. Primeiro porque só é possível combater a corrupção profundamente se for um combate em sua estrutura, ou seja, por uma Reforma Política POPULAR. Segundo porque só é possível ganhar mais amplamente as causas em nome da educação, saúde, direitos humanos, reforma tributária e reforma agrária se atrofiarmos o máximo que pudermos o poder do sistema econômico sedento de lucro sobre o sistema político, ou seja, se tivermos uma Reforma Política POPULAR. Terceiro porque só é possível fazer uma Reforma Política POPULAR  via plebiscito. Fazer o plebiscito da Reforma Política não só não é tirar o foco como ainda é FOCAR MAIS INTENSAMENTE na essência de todos problemas.

O argumento do despreparo do povo para um plebiscito é desonesto também por dois motivos. Por um
lado, advém de uma direita que na verdade não quer uma Reforma Política profunda e sabe que se tiver plebiscito não terá como enrolar o povo. A ideia de um referendo no lugar do plebiscito tem o claro objetivo de enrolar. De acordo com a OAB*, “no plebiscito, o povo é convocado antes da criação do ato legislativo (...) No referendo, ele é convocado posteriormente, após a aprovação de uma lei, por exemplo, pelo Congresso Nacional, cabendo ao povo ratificar ou rejeitar a proposta legislativa (...) Aplicando-se as
definições ao que foi apresentado pelo senador piauiense, no caso do referendo, o processo seria ‘penoso’, ‘doloroso’, ‘espinhoso’ para a sociedade. O Congresso, por exemplo, poderia ter ‘dois trabalhos’. Aprovar uma lei e depois essa mesma lei ser rejeitada pela consulta popular do referendo.” Ou seja, o referendo poderia enrolar o processo e aí sim, ir-se-ia perder o calor das manifestações de rua que ocorrem agora.

Por outro lado, o argumento contra o plebiscito também advém de uma esquerda idealista, que fala tanto em intervenção do povo, mas ao invés de defender a consulta popular e ir para as ruas defender uma Reforma Política radical, instiga a rejeição do povo ao próprio instrumento desta consulta do mesmo modo que a direita tradicional o faz.

Repito: não há como aprovar qualquer mudança estrutural sem a intervenção do povo. E o plebiscito é essa intervenção hoje. Você teria visto tanta gente debatendo desarmamento no Brasil se não tivesse existido uma consulta popular sobre o assunto? Não. Imaginemos então um plebiscito da Reforma Política no calor da luta...

Estamos num momento de encruzilhada das mobilizações populares. O plebiscito é um combustível para as manifestações, um combustível que precisamos para sairmos do debate superficial e forçar para as mudanças estruturais tão necessárias no Brasil.

*Artigo: http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/270925_artigodiferenca_entre_plebiscito_e_referendo.html