
Tenho algumas teorias sobre alimentos e sabores que às vezes parecem absurdas. Acho que agora sei a quem puxei: meu pai! Costumo dizer que certas coisas que comemos, ao serem processadas pela saliva, liberam um sabor semelhante a coisas totalmente diferentes. Uma das experiências comprobatórias é a mistura de pão lotado de requeijão com leite lotado de chocolate. Quando misturados na boca ficam com um gosto totalmente inesperado: carne! Isso é tão certo que acabei diminuindo o requeijão e o chocolate, já que a intenção no café da manhã não é sentir aquele gostinho de carne. Disse pra Lian que talvez fosse pelo fato do requeijão ter muita proteína, assim como a carne. Confesso que ela tem razão em ter rido disso!
Mas ontem percebi que meu pai deve ser a fonte dessas insanidades sobre os alimentos. Falei pra ele que percebi que a apreciação dos sabores mudam com os anos. Quando crianças, não gostamos de misturar doce com salgado e quando adultos começamos a apreciar muito a mistura agridoce: passas com arroz, geléia com pão, panetone... Ele concordou e me disse mais: que quando adultos mais velhos passamos a gostar mesmo é do amargo. Chocolate amargo, guariroba... Então eu concluí que vai demorar pra eu envelhecer, pois odeio guariroba e rabanete. Daí ele veio com sua teoria: rabanete não é amargo, é picante. "Picante é pimenta pai, rabanete é amargo sim".
Meu pai ficou um bom tempo tentando me convencer que existem três caracterizações diferentes: amargo, picante e ardido. De acordo com ele, pimenta é ardido, rabanete é picante e guariroba é amargo. Então tá né! Ele é a minha "fonte"!